As políticas queer de migração: reflexões sobre “ilegalidade” e incorrigibilidade
DOI:
https://doi.org/10.1590/1980-8585250319880004503Palavras-chave:
Migração irregular, guerra contra o terrorismo, deportação/deportabilidade, políticas de mobilidade, políticas de presença.Resumo
A expressão de maior ressonância das mobilizações, verdadeiramente sem precedentes, de imigrantes nos Estados Unidos em 2006 foi uma proclamação em massa de rebeldia coletiva: ¡Aquí estamos y no nos vamos! Este mesmo slogan foi frequentemente acompanhado por uma afirmação ainda mais vigorosa, incorrigível: ¡Y si nos sacan, nos regresamos! É impressionante e, como este ensaio sustenta, não apenas provocativo, mas até genuinamente produtivo notar a afinidade entre a articulação fundamental dessa política radicalmente aberta de presença migrante com as políticas abjetas semelhantes e profundamente desestabilizadoras da presença queer. De maneira muito semelhante ao slogan: “Nós estamos aqui, nós somos queer, acostume-se com isso!”, a proclamação dinâmica dessas frases no contexto das mobilizações de massa de migrantes comprova um espírito irredutível de irreverência e desafeição em relação ao poder do Estado. Ambos os gestos, sem restrições e sem remorsos, não atestam somente sua irreversível presença, mas sustentam também o desafio intransigente de sua intrínseca incorrigibilidade.
The most resounding expression of the truly unprecedented mobilizations of migrants throughout the United States in 2006 was a mass proclamation of collective defiance: ¡Aquí Estamos, y No Nos Vamos! [Here we are, and we’re not leaving!]. This same slogan was commonly accompanied by a still more forcefully incorrigible rejoinder: ¡Y Si Nos Sacan, Nos Regresamos! [... and if they throw us out, we’ll come right back!]. It is quite striking and, as this essay contends, not merely provocative but genuinely productive to note the affinity between the crucial articulation of this radically openended politics of migrant presence with the similarly abject and profoundly destabilizing politics of queer presence. In a manner remarkably analogous to the slogan, “We’re here, we’re queer, get used to it!”, the dynamic enunciation of these phrases in the context of the mass mobilizations of migrants asserted an irreducible spirit of irreverence and disaffection for state power. Both gestures unreservedly and unapologetically assert not only their irreversible presence, furthermore, but also uphold the intractable challenge of their own intrinsic incorrigibility.
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