Análise psicossocial do processo migratório de haitianos(as) ao Brasil
Uma perspectiva interseccional de raça-etnia, gênero e idade
DOI:
https://doi.org/10.1590/1980-85852503880006811Palabras clave:
migração haitiana, interseccionalidade, papéis de gênero, Xenofobia racializadaResumen
O objetivo deste artigo foi analisar as experiências psicossociais dos processos migratórios de haitianos e haitianas ao sul do Brasil, sobretudo por uma perspectiva interseccional de raça-etnia, gênero e idade. Foram entrevistados 15 migrantes, sendo nove mulheres, dois homens e quatro crianças, que residiam em Porto Alegre, Rio Grande do Sul (RS). Os dados foram submetidos a análise temática indutiva, o que possibilitou a organização de três temas centrais: 1) as motivações para migrar do Haiti para a América do Sul; 2) os papéis de gênero e seus respectivos impactos nas vivências no Brasil; e 3) a rede de apoio reduzida e as experiências de xenofobia racializada. Discute-se em que medida as diferenças de gênero e etárias, associadas aos atravessamentos do fenômeno da xenofobia racializada, implicam em diferentes e singulares experiências psicossociais para haitianos em seu processo migratório para o Brasil.
Referencias
ABARCA, Amalio Blanco; MARÍN, Jesús Rodriguez. Intervención Psicosocial. Madrid: Pearson Educación, 2007.
ALEXANDRE, Ivone; ABRAMOWICZ, Anete. Inserção escolar: crianças migrantes do Haiti nas creches e escolas de Sinop MT. Périplos, v. 1, n. 1, p. 184-197, 2017.
ALMEIDA, Silvio. O que é racismo estrutural? São Paulo: Letramento, 2018.
BADINTER, Elisabeth. Um amor conquistado: o mito do amor materno. 2 ed. Editora Nova Fronteira, 2018 (Texto original publicado em 1986).
BENERÍA, Lourdes; DEERE, Carmen; KABEER, Naila. Gender and international migration: globalization, development, and governance. Feminist Economics, v. 18, n. 2, p. 1-33, 2012.
BENTO, Maria Aparecida Silva. Branqueamento e branquitude no Brasil. In: CARONE, Iray; BENTO, Maria Aparecida Silva (orgs.). Psicologia social do racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2002.
BEZERRA, Cecília; MARTINS-BORGES, Lucienne; CUNHA, Maiara. Filhos das fronteiras: revisão de literatura sobre imigração involuntária, infância e saúde mental. CES Psicol, Medellín, v. 12, n. 2, p. 26-40, 2019.
BRAUN, Virginia; CLARKE, Victoria. Reflecting on reflexive thematic analysis. Qualitative Research in Sport, Exercise and Health, v. 11, n. 14, p. 589-597, 2019.
BRUNNET, Alice; WEBER, João, BOLASÉLL, Laura, CARGNELUTTI, Ezquiel, KRISTENSEN, Christian; PIZZINATO, Adolfo. Acculturation, anxiety and depression among Haitian immigrants in southern Brazil. Psicologia, Saúde & Doenças, v. 20, n. 2, p. 491-502, 2019.
CASHMORE, Ernest. Dicionário das relações étnicas e raciais. São Paulo: Summus, 2000.
CAVALCANTI, Leonardo; OLIVEIRA, Antônio; MACEDO, Marília. Imigração e Refúgio no Brasil. Relatório Anual 2020. Série Migrações. Observatório das Migrações Internacionais; Ministério da Justiça e Segurança Pública/ Conselho Nacional de Imigração e Coordenação Geral de Imigração Laboral. Brasília, DF: OBMigra, 2020. Disponível em: <https://portaldeimigracao.mj.gov.br/pt/dados/relatorios-a>. Acesso em: 04.01.2023.
COGO, Denise; BADET, Maria. Guia das Migrações Transnacionais e Diversidade Cultural para Comunicadores: Migrantes no Brasil. Bellaterra: Instituto Humaitas Unisinos; Instituto de la Comunicacíon de la UAB, 2013.
FAUSTINO, Deivison; OLIVEIRA, Leila. Xeno-racismo ou xenofobia racializada? Problematizando a hospitalidade seletiva aos estrangeiros no Brasil. REMHU, Revista Interdisciplinar da Mobilidade Humana, v. 29, n. 63, p. 193-210, 2021.
FERNANDES, Fernando. Abandono afetivo: A possibilidade de caracterização de dano. Dissertação de mestrado. Universidade Portucalense, Portugal, 2021.
FIGUEREDO, Luiz; ZANELATTO, João. Trajetória de migrações no Brasil. Acta Scientiarum: Human and Social Sciences, v. 39, n. 1, p. 77-90, 2017.
GOMES, Marcela. Os impactos subjetivos dos fluxos migratórios: os haitianos em Florianópolis. Psicologia & Sociedade, v. 29, e162484, 2017.
GRANADA, Daniel; CARRENO, Ioná; RAMOS, Natália; RAMOS, Maria. Debating health and migrations in a context of intense human mobility. Interface, v. 21, n. 61, p. 285-296, 2017.
HIRATA, Helena. Gênero, classe e raça: interseccionalidade de consubstancialidade das relações sociais. Tempo social, v. 26, n. 1, pp. 61-73, 2014.
IMDH (Instituto Migrações e Direitos Humanos); Migramundo; Ficas; Fundación Avina; Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. Migrações, Refúgio e Apatridia - Guia para Comunicadores, 2019. Disponível em: <https://www.acnur.org/portugues/wp-content/uploads/2019/05/Migracoes-FICAS-color_FINAL.pdf>. Acesso em: 04.01.23.
IOM – International Organization for Migration. World Migration Report 2022. Geneva: IOM, 2021. Disponível em: <https://brazil.iom.int/sites/g/files/tmzbdl1496/files/documents/wmr-2022-en_1.pdf>. Acesso em: 04.01.23.
JOSEPH, Handerson; NEIBURG, Federico. A (i)mobilidade e a pandemia nas paisagens haitianas. Horizonte Antropológico, v. 26, n. 58, p. 463-479, 2020.
JOVCHELOVITCH, Sandra; BAUER, Martin. Entrevista narrativa. In: BAUER, Martin; GASKELL, George (orgs.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Rio de Janeiro: Vozes, 2008, p. 90-113.
MEJÍA, Margarita; CAZAROTTO, Rosmari. O papel das mulheres imigrantes na família transnacional que mobiliza a migração haitiana no Brasil. RePOCS, v. 14, n. 27, p. 171- 190, 2017.
OLIVEIRA, Leila. Imigrantes, xenofobia e racismo: uma análise de conflitos em escolas municipais de São Paulo. Tese de doutorado. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2019.
PERES, Roberta. Mulheres na Fronteira: a Migração de Bolivianas para Corumbá-MS. Territórios e Fronteiras, v. 8, n. 2, p. 120-137, 2015.
PIZZINATO, Adolfo; SILVEIRA, Thomas; HUGO, Brayan; WEBER, João. Mídias sociais e relações de apoio: redes da imigração haitiana. Revista de Psicologia Política, v. 22, n. 54, p. 378-393, 2022.
ROMANO, Alice; PIZZINATO, Adolfo. Migração de mulheres para o Brasil: intersecções de gênero, raça/etnia e classe. Trabajo social, v. 21, n. 2, p. 197-213, 2019.
ROMANO, Alice; PIZZINATO, Adolfo. Trajetória de migração de mulheres haitianas em Porto Alegre: um estudo qualitativo. Psicologia em Estudo, v. 26, e47781, p. 1-13, 2021.
RUFFIER, Laura. Frente a um Novo Mundo: Impactos das relações escolares na integração de crianças imigrantes involuntária. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2019.
SAYAD, Abdelmalek. A imigração ou os paradoxos da alteridade. São Paulo: EDUSP, 1998.
SIVANANDAN, Ambalavaner. Race, terror and civil society. Race and Class, v. 47, n. 3, p. 1-8, 2016.
TIMSHEL, Isabelle; MONTGOMERY, Edith; DALGRAAD, Nina. A systematic review of risk and protective factors associated with family related violence in refugee families. Child Abuse Negl, v. 70, p. 315-330, 2017.
TUMMALA-NARRA, Pratyusha; SATHASIVAM-RUECKERT, Nina. The experience of ethnic and racial group membership among immigrant origin adolescents. Journal of Adolescent Research, v. 31, n. 3, p. 299 342, 2015.
UNHCR – The United Nations Refugee Agency. Global Trends: Forced displacement in 2020. 2021. Disponível em: <https://www.unhcr.org/refugee-statistics/>. Acesso em: 04.01.23.
VIETZE, Jana; SCHACHNER, Maja; JUANG, Linda; VIJVER, Fons; NOACK, Peter. Juggling between parental and school expectations: The development of domain-specific acculturation orientations in early adolescence. J. Res. Adolesc., v. 30, n. 3, p. 616-632, 2020.
WEBER, João; BRUNNET, Alice; LOBO, Nathália; CARGNELUTTI, Ezquiel; PIZZINATO, Adolfo. Imigração Haitiana no Rio Grande do Sul: Aspectos Psicossociais, Aculturação, Preconceito e Qualidade de Vida. Psico-USF, v. 24, n. 1, p. 173-185, 2019.
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2023 Revista Interdisciplinar da Mobilidade Humana

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Los autores/as conservarán plenos derechos de autor sobre su obra y garantizarán a la revista el derecho de primera publicación, el cuál estará simultáneamente sujeto a la Licença Creative Commons do tipo atribuição BY , que permite a terceros la redistribución, con reconocimiento de autoría y publicación inicial en esta revista.
Los autores pueden autoarchivar sus manuscritos aceptados, publicarlos en blogs personales, repositorios institucionales y redes sociales académicas, así como publicarlos en sus redes sociales personales, siempre que se incluya la cita completa de la versión original de la revista.