Chamada de artigos para dossiês: REMHU, volume 32, 2024 (publicação contínua)
DOSSIÊ 1: “Abdelmalek Sayad: Migração, Estado e Amnésia histórica”. Data limite para entrega dos artigos, 29 de fevereiro de 2024. Gustavo Dias e Gennaro Avallone (Guest Editors)
DOSSIÊ 2: “Mobilidade humana e crise climática”. Data limite para entrega dos artigos, 31 de maio de 2024. Joan Lacomba y Beatriz Felipe (Guest editors)
DOSSIÊ 3: “Iniciativas de empreendedorismo e autossustento de trabalhadores migrantes”. Data limite para entrega dos artigos, 31 de agosto de 2024.
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O DOSSIÊ 1 do volume 32 da Revista REMHU, de 2024 (publicação contínua), terá o tema: “Abdelmalek Sayad: Migração, Estado e Amnésia histórica”. A data limite para entrega dos artigos é 29 de fevereiro de 2024.
Gustavo Dias, Gennaro Avallone (Guest Editors)
Importante analista do fenômeno migratório, Abdelmalek Sayad (1933-1998) é um autor que, ainda, tem sua obra pouco difundida na academia brasileira e também nos idiomas espanhol e inglês. Os motivos vão desde a limitada tradução de seus textos – redigidos essencialmente em francês –, até o pequeno número de pesquisadores brasileiros dedicados ao estudo e interpretação de sua obra. Ao lado de intelectuais como Pierre Bourdieu, Frantz Fanon, Mouloud Feraoun, Mohammed Dib e Albert Memmi; Sayad, através de uma consistente produção bibliográfica dedicada, principalmente, à migração argelina, denunciou o brutal sistema colonial francês no Magreb e, posteriormente, o ambíguo nacionalismo argelino e as contraditórias politicas migratórias promovidas pela Europa a partir da Guerra Fria. Ao longo de sua trajetória intelectual, desenvolveu ferramentas conceituais importantes e, ainda, bastante atuais para compreendermos o controle estatal de grandes deslocamentos migratórios em curso.
Sayad aborda o fenômeno migratório através de uma minuciosa análise sócio-histórica que expõe, criticamente, como o sujeito, em condições migratórias, é produzido e gerenciado, tanto pelo estado de origem quanto pelo estado de destino. Encerrados em uma assimétrica relação de poder, migrante, estado de origem e estado de destino partilham, como o próprio autor define, a “ilusão da provisoriedade”. Um fardo carregado exclusivamente pelo migrante. Reduzido à dimensão do trabalho temporário e destituído de vida política “aqui” e “lá”, sua condição existencial está sob constante dependência de decisões políticas entre os dois estados, que, por sua vez, também não partilham igualmente do poder decisório sobre aqueles que migram. Não por acaso, a constante evidência do legado colonial, presente nos desiguais acordos firmados entre uma França Industrial, sedenta por mão-de-obra barata, e uma Argélia recém-independente, sustentada por um nacionalismo excludente, foram preocupações constantes e presentes para Sayad, em seus estudos sobre o controle da migração argelina através do Mediterrâneo.
Para Sayad, esmiuçar criticamente narrativas estatais, tidas como oficiais, torna-se uma ferramenta epistemológica significativa para expor, ao público, a intencional “Amnésia Histórica” produzida pelos mesmos, que visa apagar as relações históricas de poder presentes na gestão de grupos migratórios. Nessa tônica, termos recorrentemente usados pelo estado, academia e mídia como, por exemplo, “crise migratória”, “integração”, “asilo”, “naturalização”, “exílio”, “minorias” e “identidade” demandam uma compreensão sócio-histórica crítica de suas respectivas formulações e usos. Mais do que termos aparentemente técnicos, velam relações históricas de violência e dominação estatal sobre populações migrantes em condição de vulnerabilidade ou subalternidade estrutural
É, portanto, em torno da estratégica produção da “Amnésia Histórica” pelos estados de origem e destino, criticamente analisada por Sayad, e suas implicações sobre grupos migratórios, que objetivamos centrar nossa reflexão no dossiê “Abdelmalek Sayad: Migração, Estado e Amnésia Histórica”, para a REMHU, Revista Interdisciplinar da Mobilidade Humana.
Entre os possíveis focos, destacamos:
- A atualidade das categorias utilizadas e elaboradas por Sayad no estudo das migrações atuais;
- O papel do pensamento estatal na produção de vocabulário utilizado no debate público e pelas agências internacionais para definição e compreensão dos processos migratórios;
- Arquivos e dados oficiais na eventual produção de “amnésia histórica” sobre grupos migratórios;
- A intrincada relação assimétrica entre estado de origem e estado de destino na produção de “amnésia histórica” sobre migrantes;
- A relação entre a estrutura da divisão internacional do trabalho e os distintos processos de mobilidade espacial;
- Os atuais processos migratórios face às políticas internacionais de migração nas diferentes áreas geográficas do planeta;
- A condição de respeito pelos direitos humanos no quadro do atual regime migratório.
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O artigo (inédito; entre 35 e 45 mil caracteres com espaço) pode ser escrito em português, italiano, espanhol, francês ou inglês e será avaliado por dois referees. As normas de publicação e submissão estão disponíveis em: http://remhu.csem.org.br/index.php/remhu/about/submissions
Os artigos devem ser enviados à Revista REMHU pelo site de submissão eletrônica de manuscritos: http://remhu.csem.org.br/index.php/remhu/index
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O DOSSIÊ 2 do volume 32 da Revista REMHU, de 2024 (publicação contínua), terá o tema: “Mobilidade humana e crise climática”. A data limite para entrega dos artigos é 31 de maio de 2024.
Lacomba e Beatriz Felipe (Guest Editors)
As mudanças climáticas se tornaram um dos maiores desafios para a humanidade, especialmente para as populações mais vulneráveis, as que menos contribuíram para essa catástrofe global. Além disso, as evidências são cada vez mais fortes sobre o impacto que dessas mudanças no futuro da vida no planeta. Desde que o Acordo de Paris sobre mudança climática entrou em vigor em 2016, no qual 194 países se comprometeram a tomar medidas para limitar o aumento das temperaturas globais, observamos uma aceleração de eventos climáticos extremos e um aumento de temperaturas até então desconhecido. Por enquanto, muitos estados e organizações internacionais implementaram políticas públicas e iniciativas que defendem a mitigação ou a adaptação a um clima em mudança.
Uma das consequências da mudança climática e dos desastres de início repentino associados (inundações, incêndios, furacões etc.) e das mudanças de início lento (seca, desertificação, aumento do nível do mar etc.) também tem sido o aumento e a variação dos fluxos migratórios. De acordo com dados do Centro de Monitoramento de Deslocamento Interno (IDMC), mais de 32,6 milhões de novos deslocamentos relacionados a desastres ocorreram somente em 2022. Além disso, as pessoas deslocadas nesses contextos enfrentam múltiplas violações de direitos humanos, incluindo seus direitos à alimentação, água, saneamento, moradia, saúde e educação, como comentou o Relator Especial da ONU, Ian Fry, sobre a promoção e proteção dos direitos humanos no contexto das mudanças climáticas em seu relatório temático de 2023 sobre essas realidades.
Inúmeros estudos realizados por agências internacionais, pesquisas acadêmicas e organizações da sociedade civil têm relatado, nos últimos anos, o impacto da mudança climática e da depredação e poluição dos ecossistemas sobre a (in)mobilidade das pessoas em diferentes direções, mas ainda há muitas perguntas a serem respondidas. Por exemplo, como os impactos da mudança climática estão relacionados a fatores econômicos, sociais ou políticos? O quanto a mudança climática está afetando a migração de e para determinadas regiões? Como as mulheres são especificamente afetadas por essas mobilidades? O que acontece com as pessoas que vivem na pobreza ou pertencem a grupos discriminados? O que acontece quando as pessoas não podem ou não querem migrar? Quais estruturas legais são aplicáveis e quais devem ser adaptadas?
Neste dossiê temático, queremos aprofundar nosso conhecimento sobre o estado atual da mobilidade humana relacionada à crise climática e suas implicações em diferentes níveis, bem como promover estudos sobre esse assunto que permitam uma maior conscientização social e política sobre essas realidades. Convidamos os autores a apresentarem propostas atuais e inovadoras sobre esse tema que contribuam para o avanço do conhecimento dessas realidades e para a proteção das pessoas afetadas.
Linhas temáticas:
- Políticas públicas sobre migração e mudança climática.
- Reflexões críticas sobre o papel das mudanças climáticas nas (in)mobilidades humanas.
- Migração climática e justiça climática. Avanços normativos e inovadores para superar o vácuo legal.
- Impactos das mudanças climáticas nos fluxos e fluxos migratórios.
- Populações “atrapadas”.
- Estudos de caso em comunidades afetadas pelas mudanças climáticas (realocações, deslocamento interno, mobilidades internacionais, etc.).
- Dimensão de gênero da migração climática.
- Papel das populações locais, da sociedade civil e das diásporas na migração climática.
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O artigo (inédito; entre 35 e 45 mil caracteres com espaço) pode ser escrito em português, italiano, espanhol, francês ou inglês e será avaliado por dois referees. As normas de publicação e submissão estão disponíveis em: http://remhu.csem.org.br/index.php/remhu/about/submissions
Os artigos devem ser enviados à Revista REMHU pelo site de submissão eletrônica de manuscritos: http://remhu.csem.org.br/index.php/remhu/index
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O DOSSIÊ 3 do volume 32 da Revista REMHU, de 2024 (publicação contínua), terá o tema: “Iniciativas de empreendedorismo e autossustento de trabalhadores migrantes”. A data limite para entrega dos artigos é 31 de agosto de 2024.
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O artigo (inédito; entre 35 e 45 mil caracteres com espaço) pode ser escrito em português, italiano, espanhol, francês ou inglês e será avaliado por dois referees. As normas de publicação e submissão estão disponíveis em: http://remhu.csem.org.br/index.php/remhu/about/submissions
Os artigos devem ser enviados à Revista REMHU pelo site de submissão eletrônica de manuscritos: http://remhu.csem.org.br/index.php/remhu/index