Chamada de artigos para REMHU, volume 34, 2026 (publicação contínua)
DOSSIÊ 1 (2026): “Envelhecimento e migração” - Período para envio dos artigos: 01.09.2025 - 31.05.2026.
Coordenação:
María José Magliano (CIECS-CONICET/Universidad Nacional de Córdoba, Argentina) -
majomagliano@unc.edu.ar
Ana Inés Mallimaci Barral (CEIL-CONICET/Universidad Nacional Arturo Jauretche,
Argentina) anamallimaci@gmail.com
Herminia Gonzálvez Torralbo (Universidad Central de Chile, Chile), herminiagonzalvez@gmail.com
Este dossiê se propõe como um espaço de reflexão sobre a articulação entre migração e envelhecimento. Em particular, procura-se analisar as complexas inter-relações estabelecidas entre os processos migratórios e a passagem do tempo, tanto na mobilidade Norte-Sul como na mobilidade Sul-Sul. A relevância desta questão reside no fato de as populações migrantes também se fragilizarem com o passar dos anos, ao mesmo tempo em que assumem estratégias de enfrentamento ao envelhecimento, que são atravessadas pelo seu estatuto migratório.
Esse é um assunto pouco explorado no campo dos estudos migratórios, em nível regional e global, em parte porque as representações dos migrantes tendem a se concentrar no mundo do trabalho e, portanto, nas idades economicamente ativas. Fora desse marco geracional, as experiências dos migrantes tornam-se opacas e invisíveis. A marginalidade dessa questão também se deve ao fato de que sua análise envolve ir além das categorias clássicas do campo de estudos sobre migração. É exatamente essa lacuna que estamos tentando começar a preencher com este dossiê.
Quando nos referimos ao envelhecimento, não estamos nos referindo apenas à idade cronológica, mas também ao que a passagem do tempo implica em termos de ser um migrante. Isso significa considerar que o envelhecimento é um processo biológico, mas também é social, espacial e culturalmente construído (King et al., 2016). Como apontou o sociólogo argelino Abdelmalek Sayad (2001), o envelhecimento nas sociedades de destino implica romper a legitimidade da condição migratória com base em um triplo pressuposto: o migrante é um corpo para o trabalho, sua permanência é vivenciada por meio da “ilusão da temporalidade” e da persistência do mito do retorno.
Em particular, estamos interessadas em tornar visíveis as características e condições que distinguem o vínculo entre o envelhecimento e a migração latino-americana em diferentes cenários e latitudes, bem como as respostas e estratégias que as populações migrantes adotam para sobreviverem na última etapa da vida. Para isso, é necessário considerar as trajetórias laborais e as modalidades de inserção no mercado de trabalho (na origem e no destino), as políticas públicas vigentes em relação aos direitos de proteção social (também na origem e no destino), as redes de cuidados locais e transnacionais que são ativadas e as decisões tomadas em contextos de vulnerabilidade para sustentar a vida, além de outras dimensões possíveis.
Nessa perspectiva, serão bem-vindas contribuições que abordem algumas das seguintes dimensões:
-Migração, envelhecimento e cuidados
-Políticas transnacionais de proteção social
-Acesso a direitos para pessoa idosa migrante
-Trajetórias de trabalho e seu impacto sobre o envelhecimento
-Envelhecimento dos migrantes e desigualdades interseccionais
-Migração de retorno
-Práticas transnacionais de cuidado
-Migração de pessoas idosas
- Pessoas idosas migrantes e diversidades sexuais
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DOSSIÊ 2 (2026): "Reconfigurações e continuidades dos corredores migratórios na América Latina em tempos de COVID-19 e na era Trump 2" - Período para envio dos artigos: : 01.10.2025 - 30.06.2026.
Organizadoras:
Amarela Varela Huerta (Universidad Autónoma de la Ciudad de México, editora invitada)
Soledad Álvarez Velasco (Universidad de Illinois Chicago)
Ulla D. Berg (Rutgers University)
Este dossiê temático busca promover a discussão teórica e metodológica, além de colocar em circulação os saberes empíricos sobre mobilidade forçada na América Latina que, a partir da pandemia de COVID-19, começaram a produção de conhecimento sobre as mobilidades regionais em uma perspectiva crítica e comparada. O dossiê proposto busca consolidar e construir memória sobre estratégias de pesquisas colaborativas, multisituadas e multitemporales, que analisam as mudanças e continuidades tanto nos corredores migratórios da região, como nas políticas de governança, securitização, controle e proteção durante a pandemia de COVID-19, a etapa pós-pandêmica e a atual incitação de narrativas e práticas de ódio contra as populações migrantes e refugiadas no Norte global, mas também na América Latina.
O dossiê tem como objetivo ampliar a reflexão e a produção acadêmica sobre fenômenos e processos sociais, políticos, econômicos e culturais que impactaram a mobilidade forçada na América Latina durante o primeiro quinquênio desde o surgimento da pandemia de COVID-19. Uma análise dos últimos cinco anos que nos permitirá gerar conhecimento, por um lado, sobre diversos processos econômicos, políticos e sociais recentes, mudanças nas formas de governamentalidade migratória regional e o seu impacto nas mobilidades e espaços transnacionais. Por exemplo, os efeitos do colapso e das crises econômicas que emergiram ou se acentuaram em diversos países como consequência da pandemia, bem como a presença e a expansão do crime organizado, que antecedem, mas recrudescem durante este período. E, por outro lado, permitirá a visibilização de corredores migratórios, como aquele que conecta a Região Andina à Região Centro-americana através da selva de Darién, que atualmente é um dos espaços transnacionais mais dinâmicos, mas também mais instáveis da região.
Localizar este dossiê nesta temporalidade busca também refletir sobre novos recursos analíticos e metodologias voltadas à pesquisa acadêmica e aplicada, que surgiram ou se transformaram a partir da última pandemia e que permitem dar conta de processos de inclusão e exclusão das populações migrantes. Por exemplo, a consolidação das Humanidades Digitais como campo interdisciplinar, que abrange uma grande diversidade de temas, tais como: os usos das plataformas digitais como recursos substanciais das mobilidades, a participação política e as solidariedades digitais, além da digitalização dos controles fronteiriços e dos sistemas de proteção internacional, entre outros. Ao mesmo tempo, possibilita a investigação comparada e transnacional, o acompanhamento de sujeitos que experimentam trânsitos prolongados ou a comparação de trajetórias migratórias multisituadas.



